8 de janeiro: Moraes concede liberdade a jornalista com suspeita de câncer 

Preso afirma que esteve nos atos para cobrir a manifestação

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), assinou o alvará de soltura do jornalista William Ferreira, de 59 anos, preso em Porto Velho (RO) desde 3 de fevereiro do ano passado, por suspeita de envolvimento nos atos de 8 de janeiro.

Moraes rubricou o despacho, na terça-feira 23, informou o advogado de Ferreira, Hélio Júnior. O jornalista está doente, com suspeita de câncer de próstata, além de edema nos pulmões. Na quinta-feira 18, Ferreira foi levado às pressas para o Hospital da Astir, na capital rondoniense.

Júnior disse que, mesmo preso preventivamente na Operação Lesa Pátria há quase um ano, não há uma acusação formal contra o jornalista. Em 8 de janeiro, Ferreira estava em Brasília e transmitiu os atos por suas redes sociais. Ele afirmou que estava de férias e resolveu cobrir a manifestação.

Decisão de Moraes que contemplou jornalista preso por causa do 8 de janeiro

Na decisão que autorizou a libertação de Ferreira, Moraes determinou que ele deve usar tornozeleira eletrônica. O advogado disse que seu cliente irá para casa depois de receber alta hospitalar. O jornalista, que já foi sargento da Polícia Militar, está preso no Complexo de Correição da Polícia Militar (CCPM) de Rondônia. Segundo Júnior, Moraes somente atendeu ao pedido de liberdade depois de três tentativas.

O advogado também disse que a prisão e a decisão de suspender a aposentadoria atrasaram o início do tratamento para o possível câncer de próstata. “Ele não pôde realizar biópsias mais específicas, porque desde o início do ano o ministro Alexandre de Moraes bloqueou integralmente a sua aposentadoria de policial militar”, disse.

Clezão

Cleriston Pereira Clezao
Clezão tinha um parecer da PGR favorável à soltura desde setembro, mas o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, não analisou o pedido | Foto: Reprodução

Desde o 8 de janeiro, advogados relataram que pessoas idosas, doentes e com comorbidades seguiam presas por ordem de Moraes. Um desses casos é o de Cleriston Pereira, o Clezão, que morreu na penitenciária da Papuda, em Brasília, em 20 de novembro. Ele teve um mal súbito depois de ficar dez meses preso.

Em razão do quadro clínico, atestado em vários laudos, a Procuradoria-Geral da República emitiu parecer favorável à liberdade de Clezão, mas tanto o documento da PGR como os pedidos do advogado foram ignorados por Moraes.

*Fonte: Revista Oeste